SÁBIA SARJETA E O TEATRO DE AUTOGESTÃO
- Glauber Xavier
- 25 de dez. de 2013
- 3 min de leitura

Sábia Sarjeta foi responsável pela revitalização do Teatro Universitário de Alagoas – TUA como projeto de pesquisa do Curso de Artes Cênicas da Universidade Federal de Alagoas.
Em 2002, esta instalação cênica foi incorporada aos Saudáveis Subversivos como um de suas primeiras produções. Baseada em uma concepção pessoal realizada a partir do texto “O Mendigo Ou O Cão Morto”, de Bertolt Brecht, a instalação cênica reúne cenografia, iluminação, maquiagem, projeções, música, performance, dança e teatro, na construção de uma “Máquina de Mostrar” onde tudo é manipulado pelos próprios atores dentro de uma pesquisa de um Teatro de Autogestão. Incluindo fragmentos poéticos do próprio Brecht, o prólogo do livro “O Corvo Branco” de Klaus Sonnefeld e depoimentos de crianças vítimas de guerras, a montagem pretende provocar uma reflexão sobre as relações de poder ao longo da história. Sinopse Esta Instalação Cênica apresenta dois atores, que controlam a luz, a sonoplastia e o cenário dentro de uma “Máquina de Mostrar”.
A estória “mostrada” nesta máquina é guiada pelo diálogo de Brecht em seu O Mendigo ou o Cão Morto. Este diálogo entre uma mendiga e um imperador trata de uma reflexão sobre o poder e o sentido da guerra. Um Imperador que chega vitorioso de uma batalha e encontra uma mendiga fedendo a carniça, sentada em frente ao seu palácio e isso pode estragar o dia mais feliz da vida deste Imperador que segundo a Mendiga “não venceu batalha alguma, o que aconteceu foi que alguns idiotas mataram outros idiotas”. Toda esta discussão é permeada por reflexões postas numa estrutura épica de encenação. Em quatro anos de pesquisa histórica, prática teatral e luta contra a burocracia institucional, foi desenvolvida uma ação denominada de Teatro de Autogestão. O resultado dessa prática desencadeou nesta montagem experimental, que marcou a história dos palcos de Maceió no ano de 2001. Concepção Geral
A concepção de Sábia Sarjeta deve ser analisada em primeiro lugar, do ponto de vista da realização de uma experiência encarada como sendo um Teatro de Autogestão ou uma busca do que seria uma concreta realização desta denominação.
A autogestão aconteceu e acabou trazendo a tona questões referentes à necessidade de se estabelecer um teatro menos dispendioso do ponto de vista físico-financeiro e que viesse a ser mais claramente útil tanto às pessoas envolvidas no processo, quanto ao espectador e a sociedade. Estas questões foram sendo descobertas durante todo o processo, incluindo o período de capitação de recursos, produção e o período das apresentações. Identifico características semelhantes ao Teatro Pobre de Grotowski, diferenciando-se sobretudo, na questão de que a nossa busca por uma pobreza estava mais vinculada a questões financeiras que estéticas, e a maior aceitação de recursos didáticos e artesanais em cena. Também podemos relacionar com a prática de um Teatro Laboratório, dando maior ênfase à temática e a função de comunicação e reflexão sobre problemas gerais e especificamente de remuneração do ator e equipe.
A idéia inicial foi inspirada numa citação de Bertolt Brecht Máquina de Mostrar, como em certa ocasião este dramaturgo e teórico se referiu a sua busca. Nos inspiramos também nos problemas enfrentados pelo TUA em gestões passadas, em épocas de luta contra as injustiças sociais e em defesa das minorias. Depois destas constatações foi fácil definir que o texto mostrado nesta Máquina seria O Mendigo ou o Cão Morto de Brecht, já que esta obra, além de tentar explicitar os nebulosos jogos de interesses que há por traz de uma guerra, mostra um mendigo como desvendador desta problemática. Premiações I – FENETEG – Festival Nordestino de Teatro em Guarabira – PB: 10 de Julho de 2002 Melhor Espetáculo Melhor Cenário Melhor Maquiagem Melhor Ator Melhor Atriz
Ficha Técnica:
Concepção Geral: Glauber Xavier
Direção: Glauber Xavier
Assistente de Direção: Valéria Nunes
Elenco: Glauber Xavier e Valéria Nunes
Cenografia e Figurino: Glauber Xavier e Valéria Nunes
Maquiagem: Glauber Xavier e Valéria Nunes
Concepção de Iluminação: Glauber Xavier
Plano de Luz: Glauber Xavier e Daniel Baboo
Sonoplastia: Glauber Xavier F
otografia e Eslides: Flávio Rabelo
Assessor de Imprensa: João Aresfi e Fernando Coelho
Projeto Gráfico: Canel Júnior e Fernando Coelho
Produção: Glauber Xavier e Valéria Nunes
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